domingo, 16 de junho de 2013

O que amamos

"O que amamos está sempre longe de nós: 
e longe mesmo do que amamos - que não sabe 
de onde vem, aonde vai nosso impulso de amor. 

O que amamos está como a flor na semente, 
entendido com medo e inquietude, talvez 
só para em nossa morte estar durando sempre. 

Como as ervas do chão, como as ondas do mar, 
os acasos se vão cumprindo e vão cessando. 
Mas, sem acaso, o amor límpido e exacto jaz. 

Não necessita nada o que em si tudo ordena: 
cuja tristeza unicamente pode ser 
o equívoco do tempo, os jogos da cegueira 

com setas negras na escuridão." 

(Cecília Meireles, in Solombra)

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